A mudança faz parte da história desde o início dos tempos. Talvez tenha começado a ganhar notoriedade nos estudos de Charles Darwin sobre a Teoria da Evolução, onde o naturalista britânico propõe que as espécies podem sofrer mutações para se adaptar gradativamente às inúmeras mudanças ocorridas no planeta. De acordo com as palavras do próprio Darwin: “Não é o mais forte da espécie que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o mais sensível à mudança”.
O fato é que as mudanças fazem parte da vida e, se não nos adaptarmos a elas, vamos ficar para trás. Tudo está em constante transformação, inclusive nós mesmos e nossas opiniões. O mundo está cada vez mais digital e conectado e isso nos força a nos adaptarmos com mais velocidade aos novos cenários que surgem quase que diariamente, tanto na esfera pessoal quanto profissional.
Algumas mudanças às quais estamos susceptíveis podem ser desconfortáveis e, até mesmo, dolorosas, nos fazendo em um primeiro momento desejar que nunca tivessem acontecido. Porém, aconteceram, ou são inevitáveis, e resistir a isso só faz com que a situação se torne ainda mais difícil. A chave aqui é encarar cada mudança como uma oportunidade de aprendizado e recomeço, além de senti-las como um “empurrão” para fora da nossa zona de conforto, nos permitindo explorar novas possibilidades. Mas é preciso estarmos dispostos e abertos para isso…
Você concorda com esta frase? “MUDANÇA É UMA PORTA QUE SE ABRE POR DENTRO”.
O que dificulta a mudança? O que gera resistência? Quais os motivos para não mudar?
É natural sentir certa insegurança frente à mudança, mas o que vem a seguir pode ser determinante para o futuro do indivíduo: ficar sempre preso a crenças e hábitos antigos e possivelmente pouco produtivos ou coragem e disposição para enfrentar as necessidades de ajustes pessoais para um reposicionamento diante de um novo cenário. Nesse momento, é fundamental ficar atento a possíveis crenças limitantes como: não vou conseguir, não tenho recursos, já passei da idade de mudar, etc.
Na maioria das vezes, é mais cômodo ficar na situação na qual se está acostumado, por isso muitas pessoas têm medo do novo, pois podem não ter o mesmo sucesso e uma maneira de não se frustrar é não tentar. É preciso estarmos sempre atentos para o risco de querermos apenas permanecer na nossa ‘zona de conforto’.
Então, para mudarmos de forma consciente, precisamos ter claro em mente o que queremos como objetivo da mudança. Algo que nos justifique o esforço e o consequente incômodo de mudar comportamentos e hábitos.
Nossas rotinas e condutas automáticas são importantes para nós, dependemos delas para viver, porém nem todas. Criamos muitas delas para facilitar nossa vida e depois, se não as revisarmos, corremos o risco de ficar usando o equipamento de fax o resto da vida, enquanto novas possibilidades poderiam facilitar e muito nosso dia a dia. O ponto-chave aqui é revisar e questionar sua própria forma de perceber o mundo e reagir de forma proativa a ele.
Qual o benefício do esforço? Vamos a um exemplo: você se lembra de quando começou a dirigir? Era uma mudança, algo novo, e hoje já se transformou num hábito.
Fontes de Resistência
Diversos autores vêm estudando as principais fontes de resistência às mudanças, vamos às principais:
MEDO DO DESCONHECIDO – E por que temos medo do desconhecido? O novo nos causa medo por instinto, não porque queremos. Um animal, por exemplo, num ambiente novo fica ansioso, cheira tudo, o coração acelera. Um movimento mais consciente nos levaria a não congelar automaticamente diante da possibilidade do novo, então “Coragem não é a ausência de medo, mas sim a percepção de que ele existe e somos capazes de enfrentá-lo”.
COMODISMO – Quase sempre parecerá melhor ou mais seguro permanecer numa situação conhecida. É mais fácil lidar com o atual e conhecido do que com as incertezas de uma situação nova e que nos causa ansiedade e necessidade de revisões pessoais, de aprendizados e talvez de importantes esforços. É preciso superar o desconforto inicial para usufruir das novas oportunidades. A zona de conforto também tem causas fisiológicas. O cérebro, quando aprende um comportamento, define um caminho de sinapses para a transmissão da corrente elétrica de um neurônio para outro. Cada vez que queremos mudar nossos comportamentos, nosso cérebro tenderá a realizar o caminho de sinapses que já está acostumado e precisaremos realizar um esforço extra com atenção até que seja criado um novo caminho.
PERDAS– Nós nos agarramos ao que já dominamos e, quando optamos por algo novo, temos que abrir mão do que já temos. Como dizia o filósofo Arthur Schopenhauer “Mudanças são excludentes”, ou seja, deixar coisas para trás está implícito na maioria dos processos de mudança.
Para auxiliar a combater essas causas naturais de resistência à mudança, poderemos focar nos seguintes aspectos:
- MEDO DO DESCONHECIDO: coletar o maior número possível de informações sobre o novo.
- COMODISMO: devemos auxiliar o nosso cérebro ao processo de mudança, o que pode ser feito através de uma abordagem gradativa e constante. Quando há uma grande mudança à frente, ela assusta, mas se você a observa de forma fracionada, e for incorporando uma por vez, ela tende a parecer mais viável.
- PERDAS: Focar nos ganhos é uma boa forma de fazer com que assimilemos com maior facilidade as perdas envolvidas no processo.
Lidere seu processo de mudança
Entre os principais motivos causadores da resistência individual estão o apego a velhos hábitos, o sentimento de segurança no trabalho e o medo do desconhecido. Já as equipes podem temer que a relação de poder já estabelecida seja ameaçada, que o foco da mudança seja limitado e que a organização seja tomada pela inércia.
Para enfrentar essas resistências, é importante ter o conhecimento de que, até a mudança ser totalmente incorporada, ela pode passar por quatro fases de transição, sendo elas:
Negação – Nessa fase, o indivíduo tende a ignorar os sinais e evidências que mostram que a mudança é necessária, não querendo abandonar o conforto e o sucesso do passado. Ignora até mesmo o que ouve sobre a nova mudança e permanece inerte. Costuma ter pensamentos do tipo “como as coisas eram boas no passado” ou “isso não pode acontecer aqui”.
Resistência – A resistência é consequência da insegurança gerada pelo novo e pode ser extremamente negativa quando o indivíduo se recusa a tentar proceder de novas maneiras. Nessa fase são comuns os sentimentos de raiva, perda e mágoa. As pessoas tendem a ficarem mais teimosas, a reclamar e a responsabilizar os outros. Podem chegar a duvidar de suas próprias habilidades e, até mesmo, adoecer.
Exploração – Nessa fase o indivíduo aceita a mudança e deseja protagonizá-la, buscando tirar positivamente algum benefício da situação. Passa a enxergar possibilidades e recursos. Vê com mais clareza os objetivos e explora as alternativas perguntando-se “o que pode acontecer para mim?”.
Comprometimento – O comprometimento vem com a aceitação da mudança e prontidão para torná-la parte da vida. Nessa fase as pessoas costumam refletir sobre os aprendizados e agradecer aos que lhes ofereceram apoio. Ficam mais focadas, equilibradas e costumam cooperar mais umas com as outras.
Kotter defende uma teoria em 7 passos para promover processos de autotransformação no contexto das grandes mudanças globais ou organizacionais.
1º Passo: Crie senso de urgência:
Informe-se, procure entender o mais rápido possível do que se trata a mudança, quais os propósitos organizacionais e como o cenário ficará configurado após o processo.
2º Passo: Desenvolva alianças:
Para Kotter é necessário ter uma aliança, ou seja, uma espécie de coligação de pessoas dentro da empresa ou dentro de sua área. Escolha pessoas que tenham credibilidade, busque ficar próximo das pessoas que conhecem melhor o processo e os objetivos e que já estão vendo os benefícios da transformação.
O que pensam e fazem aqueles que estão sofrendo menos com o processo?
3º Passo: Desenvolva a visão de mudança:
Esse esclarecimento da visão futura ajuda a simplificar e desmistificar a mudança motiva as pessoas e auxilia o indivíduo a gerenciar o processo.
4º Passo: Comunique-se:
A informação é a base da busca de fatos e dados. Deve-se procurar sair das fantasias e medos naturalmente causados pelos processos de mudança e partir para o concreto tanto quanto possível. Quem tem as informações, aproxime-se e mantenha contato com essas pessoas.
5º Passo: Remova as barreiras:
Cuidado com os hábitos enraizados que bloqueiam as mudanças fique atento a isso. Se a melhor solução de tudo fosse manter velhos hábitos ainda estaríamos dormindo em cavernas.
6º Passo: Comemore as primeiras vitórias:
Identifique rapidamente seus primeiros desempenhos e vitórias no novo modelo e reconheça seus primeiros movimentos, isso ajudará a criar o movimento e a energia dos quais você precisa para dar os próximos passos.
7º Passo: Não desanime:
O processo de mudança nem sempre é simples, em algumas etapas pode-se perder a batalha, ou seja, falhas no planejamento, pessoas desistindo, alianças sendo desfeitas, porém são fatores que as organizações em fase de mudança estão sujeitas.
É preciso entender o funcionamento e não desanimar. Por isso é importante ter clara a visão de onde se quer chegar se relembrar continuamente dos benefícios da mudança.